A obesidade é actualmente classificada pela OMS como uma "doença crónica não-transmissível, major e de base nutricional”.
Na minha consulta cada vejo vez mais pessoas com obesidade, de todas as idades, etnias e classes sociais.
Infelizmente em Portugal, cerca de 1% da população sofre de obesidade mórbida (índice de massa corporal superior a 40). Se não emagrecerem, vão acabar por padecer de muitos problemas de saúde, ter uma péssima qualidade de vida, e morrerão mais cedo. Torna-se urgente ajudar estas pessoas.
Alguém que chegou a este ponto, encontra-se muito fragilizado, com uma baixa auto-estima e frequentemente até bastante deprimido. Isto deve-se ao sofrimento físico, e a todos os condicionalismos provocados pela doença, e em parte, a uma sociedade que os descrimina, que lhes condiciona a entrada no mundo do trabalho, e que os olha como se fossem verdadeiras aberrações.
Para que consigamos realmente ajudar estas pessoas, promovendo a mudança no seu corpo e nas suas cabeças, temos que nos lembrar sempre que estamos a lidar com uma doença, a qual é crónica, necessitando de ser vigiada durante toda a vida. É vital recordar que todas as mudanças têm que ser feitas de forma gradual, que o apoio psicológico, a empatia, o reforço positivo, e toda a relação que se estabelece com estes doentes, é fundamental para um sucesso efectivo no tratamento desta doença.
Todos os profissionais de saúde que trabalham com estes doentes, têm que ter sensibilidade para lidar com esta doença – Obesidade mórbida – e com estes doentes com características tão peculiares. A par da melhor formação científica, tem que estar a humanização, a entrega, a disponibilidade e todo o empenho necessário para ajudar estas pessoas. Temos que conseguir chegar à pessoa, e vê-la como um todo. Ir muito além da sua imagem física, e do que nos diz, é preciso saber ler nas “entrelinhas”, para que consigamos ir mais além.
As pessoas que sofrem de obesidade grave têm um risco aumentado de desenvolverem várias doenças associadas à obesidade, como problemas osteoarticulares, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, hipercolesterolémia, cancros da mama, do cólon, do fígado, do útero, do ovário, varizes, insuficiência respiratória, refluxo gastroesofágico, esteatose hepática, hiperuricemia, síndrome do ovário poliquístico, depressão, e várias outras patologias.
Para que se dê uma perda de peso adequada – perdendo massa adiposa (gordura) e aumentando a água e a massa magra – é necessário um acompanhamento nutricional regular. Há que avaliar, e estabelecer objectivos adequados a cada caso, bem como o tempo em que decorrerá a perda de peso. A par da perda de peso, previnem-se e tratam-se as doenças associadas à obesidade, com medidas dietéticas especificas.
Quem precisa de perder 40 quilos, deverá perde-los bem e de forma faseada. A perda de peso, de forma saudável, deverá ser de cerca de 500 g a 1.500 g por semana (média), dependendo de acordo com vários factores. Uma perda de peso demasiado rápida, é perigosa para a saúde e ilusória, pois perde-se pouca gordura, e muitas vezes perde-se água e músculo.
O exercício físico deverá ser sempre iniciado de forma gradual, respeitando as limitações impostas pela obesidade grave. Estas pessoas transportam consigo continuamente um peso pesado, que lhes destrói a saúde e fragiliza a alma, e só o andar a pé já é um excelente exercício, para quem sofre de obesidade grave. Qualquer acréscimo deverá ser feito de forma muito gradual, e com monitorização adequada.
No tratamento destes doentes, jamais os devemos fazer sentir culpados ou inferiorizados, por não conseguirem ter a mesma mobilidade que pessoas normoponderais ou com um ligeiro excesso de peso, nem por terem chegado ao grau de obesidade a que chegaram. Aqui o “regime militar” não funciona, podendo até agravar problemas psicológicos, e de saúde já existentes. Os profissionais de saúde – importantes agentes de mudança - envolvidos no tratamento, têm que saber avaliar, acompanhar, orientar e motivar sempre!
Quando se alcançam os resultados pretendidos, todas as mudanças valeram a pena. Para mim é extremamente gratificante, acompanhar toda a transformação, e ver renascer uma nova pessoa, muito mais saudável, segura e feliz. Toda a sua vida melhora, e voltam a viver plenamente, sem as limitações impostas pelo peso pesado da doença.
A reeducação alimentar durante o processo de emagrecimento é vital. A alimentação saudável deverá perdurar para toda a vida.
(Este artigo foi publicado na Revista Magnifica em Junho de 2011)
Uma boa semana para si, e para todos nós.
Cumprimentos vitaminados,
Eduarda Alves.
Dietista – Membro efetivo da Ordem dos Nutricionistas
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